NUTRIÇÃO, EXERCÍCIO E GANHO DE PESO NA GESTAÇÃO

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O evento mais importante de toda gestação é o parto. Não é de hoje que a ciência discute as correlações entre o estado nutricional materno com o ganho de peso e desenvolvimento do bebê. Entre 2009 e 2013, o Institute of Medicine (IOM) listou alguns fatores que interferem diretamente no resultado obstétrico e qualidade do parto, dentre eles: acompanhamento pré-natal, instrução materna, alimentação e estado nutricional da gestante, carga de trabalho materna, suporte familiar, planejamento da gestação, intervalo entre as gestações e outros. O peso pré-gestacional e os hábitos alimentares são fatores chaves para a oxigenação fetal durante a gestação, afinal, já se sabe que gestantes com o ganho de peso adequado apresentam melhor oxigenação placentária do que as gestantes diagnosticadas com sobrepeso ou obesidade no início da gestação. Além disso, o peso pré-gestacional interfere diretamente na sensibilidade à ação da insulina, gerando alterações metabólicas, podendo desencadear problemas clínicos como as síndromes hipertensivas, diabetes gestacional e até morte neonatal. Para o feto dessas gestantes, as consequências ao longo da vida podem ser ainda mais graves, como: maior chance de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão, obesidade ou diabetes na fase adulta, baixo QI e alterações metabólicas.

As recomendações de ganho de peso, segundo o IOM, devem oscilar de acordo com o IMC pré-gestacional da mulher. Vale ressaltar que nenhuma gestante deve emagrecer para atingir o peso ideal durante a gestação. As gestantes obesas, por exemplo, devem ganhar entre 5 e 9kg, no total da gestação. Enquanto as diagnosticadas com sobrepeso devem ganhar entre 7 e 11,5kg, as gestantes com peso adequado devem ganhar entre 11,5 e 16kg e as diagnosticadas com baixo peso, entre 12,5 e 18kg, no total da gestação. Nos casos de gestação gemelar, o IOM também criou suas recomendações para o ganho de peso saudável. Portanto, as ideias construídas pela sociedade de que a gestante saudável deve comer por dois e a gestante obesa deve emagrecer, são mitos infundados. Desta forma, os cuidados com o peso corporal devem ser feitos ao longo de toda vida da mulher. Porém, para as tentantes, recomenda-se que o acompanhamento nutricional ocorra com pelo menos 1 ano de antecedência e perdure, pelo menos, até os 6 meses de vida do bebê. É muito importante destacar a importância de um estilo de vida saudável ao longo da vida. Vale ressaltar que as necessidades nutricionais da gestante devem ser acompanhadas por um Nutricionista. Esse período requer cuidados específicos, sem restrições alimentares ou dietas da moda, suplementação de micronutrientes, adequação de macronutrientes e das necessidades energéticas de acordo com cada fase da gestação. Portanto, esse é o único profissional capacitado para levar em consideração as questões fisiológicas e dietoterápicas que ocorrem neste período, como: o desenvolvimento do feto, da placenta e tecidos maternos, constituição das reservas energéticas para a lactação, o fornecimento de energia para adequar a composição corporal e as necessidades energéticas para a atividade física e/ou exercício físico.

Além do controle alimentar, na ausência de contraindicações, o exercício é seguro e desejável, e as gestantes devem ser incentivadas a continuar ou iniciar diferentes modalidades para evitar o ganho de peso excessivo. Vale ressaltar que a gestação não é uma fase para fazer exercícios com objetivo de emagrecimento, mas sim para garantir o bem-estar materno e fetal. Dentre os principais benefícios da prática de exercícios na gravidez destacam-se a menor incidência de diabetes mellitus gestacional, ganho de peso excessivo, transtornos hipertensivos gestacionais, parto prematuro, parto cesáreo, menor peso ao nascer, prevenção de transtornos depressivos em mulheres no período pós-parto e redução da dor, principalmente lombar e ciática.

Referências:

Ingrid Dias
Ingrid Dias

Pesquisadora | Professora | Palestrante

Mariana Lopes
Mariana Lopes

Nutricionista – UFRJ | Pós-graduada em Nutrição Clínica – UFRJ | Mestranda da Faculdade de Medicina (Cardiologia) – UFRJ.

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