Exercício Físico Para Indivíduos Portadores de Cirrose Hepática

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Exercício Físico Para Indivíduos Portadores de Cirrose Hepática
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A cirrose hepática representa um estágio avançado da fibrose hepática, caracterizada pela distorção da arquitetura do parênquima e formação de nódulos hepáticos.

Suas causas são variadas, e suas complicações são responsáveis por uma alta morbi-mortalidade nesta população.

Em estágios mais avançados da doença, o aparecimento da ascite atua como fator limitante da ventilação prejudicando a função respiratória e, consequentemente, na capacidade funcional.

Além das alterações orgânicas, a cirrose possui efeitos sobre o sistema musculoesquelético, com prejuízo ao condicionamento físico destes pacientes.

Os indivíduos portadores de cirrose evoluem com sarcopenia, ou seja, perda de força e massa muscular, impactando negativamente sobre a sobrevida, com aumento do número de complicações da doença, além de estar relacionada com piores desfechos após transplante hepático e pior qualidade de vida.

Diante do exposto fica evidente que, com o avançar da doença e suas complicações, o paciente cirrótico evolui com importante limitação da qualidade de vida, com importantes limitações físicas e funcionais.

O aumento da qualidade e expectativa de vida tem se mostrado eficaz para minimizar as complicações patológicas provenientes da cirrose hepática.

Neste contexto, é possível que a prática de exercícios físicos proporcione benefícios significativos na vida do paciente cirrótico.

Benefícios do Treinamento de Força

A presença da cirrose hepática e o grau de severidade da doença podem influenciar no desempenho da produção de força, indicando uma redução da capacidade neuromuscular destes pacientes.

Um estudo antropométrico demonstrou que a massa muscular também seria um preditor independente de sobrevida em pacientes cirróticos hospitalizados (Pieber et al., 2006).

A força muscular é fundamental para a funcionalidade e independência. A perda de massa muscular, acompanhada por fraqueza e reduzida funcionalidade, é um achado frequente em pacientes com doença hepática avançada.

O treinamento de força pode atenuar ou reverter o declínio da força muscular relacionado a sarcopenia.

Interessantemente, estudos demonstraram uma associação significativa entre sarcopenia e mortalidade em pacientes cirróticos após transplante (Englesbe et al., 2010; Montano-Loz, et al., 2012).

Aamann e colaboradores (2019) analisaram o efeito de 12 semanas de treinamento de força sobre os ganhos de força e massa muscular, capacidade funcional e qualidade de vida em pacientes portadores de cirrose.

Resumo do protocolo:

  • Aquecimento: 5 minutos de remo
  • Exercícios: leg press, cadeira extensora, cadeira flexora, puxada frontal, supino, hiperextensão lombar e abdominais
  • Frequência e duração: 3 x semana; 1h por sessão
  • Número de Séries e Repetições: 3 x 12 – 15RM (sessão 2 a 7), 3 x 10RM (sessão 8 a 10) e 3 x 8RM (sessão 11 a 12).

 

O grupo controle foi instruído a não alterar o nível de atividade física diária durante as semanas de intervenção.

Ambos os grupos receberam orientação e acompanhamento nutricional, com suplementação de proteína quando necessário.

Como resultados, os autores reportaram um aumento de 10% na área de secção transversa do músculo quadríceps e um aumento de 13% na força muscular máxima medida no pico de torque da extensão isocinética do joelho.

Além desses resultados, foram observados efeitos positivos no teste de caminhada de 6 minutos e na qualidade de vida, sem eventos adversos no grupo submetido ao protocolo de treinamento de força.

Em conclusão, embora as evidências ainda sejam modestas, é possível sugerir que o treinamento de força represente uma intervenção não farmacológica com relevância clínica para os portadores de cirrose hepática.

Entretanto, ainda são necessários mais estudos que avaliem os efeitos da manipulação das diversas variáveis metodológicas do treinamento e seu impacto nessa população.

Referências:

Ingrid Dias
Ingrid Dias

Pesquisadora | Professora | Palestrante

Amanda Brown
Amanda Brown

Doutoranda em Clínica Médica - HUCFF/UFRJ

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