Tópicos especiais sobre Exercícios Físicos na Gestação

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Tópicos especiais sobre Exercícios Físicos na Gestação
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Gestantes com obesidade

A inatividade fisica e o ganho excessivo de peso são considerados fatores de risco independentes para obesidade materna e complicações relacionadas à gravidez, incluindo o diabetes mellitus gestacional (DMG). Gestantes com obesidade devem ser incentivadas à modificação do estilo de vida, e isso inclui a prática de exercícios físicos e a reeducação alimentar. A prática de exercícios no pré-natal pode trazer muitos benefícios para gestantes com obesidade: menores custos com saúde, controle do ganho excessivo de peso, menor risco de diabetes gestacional e distúrbios na pressão arterial, incluindo a pré-eclâmpsia, além de menor risco de nascimentos prematuros e mortalidade materna.

O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (2020) recomenda que gestante obesas iniciem exercícios aeróbios e de fortalecimento com baixa intensidade e curta duração, aumentando gradualmente o esforço de acordo com a tolerância individual. A progressão pode atingir uma percepção de esforço moderada, mas deve ser conduzida de forma mais lenta.

Gestantes com síndromes hipertensivas

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os distúrbios hipertensivos da gestação constituem importante causa de morbidade grave, incapacidade de longo prazo e mortalidade tanto materna quanto perinatal. A pré-eclâmpsia, que é uma das formas da hipertensão na gravidez, é a responsável pela maior parte das mortes. Apesar da etiologia desconhecida, mulheres com índice de massa corporal elevado (IMC > 30 kg/m2), hipertensão arterial crônica e diabetes pré-gestacional apresentam maior risco para o desenvolvimento da doença.

Alguns estudos têm sugerido que a prática de exercícios físicos poderia proteger a gestante das síndromes hipertensivas, além de prevenir a pré-eclâmpsia. Dentre os benefícios postulados na literatura encontram-se: controle do ganho de peso excessivo; melhor crescimento e vascularização placentária; regulação das respostas antioxidantes maternas ao aumento do estresse oxidativo na gravidez normal; prevenção ou atenuação da inflamação sistêmica e melhora da disfunção endotelial, o que poderia impedir o principal processo patológico que leva a doença. Mais estudos ainda são necessários para testar algumas hipóteses supracitadas. O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (2020) sugere que os médicos avaliem cuidadosamente mulheres com complicações obstétricas, para analisar o custo x benefício de recomendar a atividade/inatividade física.

Gestantes com diabetes mellitus do tipo 2

Diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como uma intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se inicia durante a gestação atual e não preenche os critérios diagnósticos de diabetes. A incidência de DMG tem aumentado em paralelo com o aumento do DM tipo 2 e da obesidade na população. Alguns fatores de risco: idade ≥ 35 anos; sobrepeso/obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez; história familiar de diabetes; tamanho fetal superior a idade gestacional, hipertensão ou pré-eclâmpsia; síndrome de ovários policísticos.

O tratamento inicial do DMG consiste em orientação alimentar e prática de exercícios físicos (EF) com objetivo de controle metabólico e do ganho de peso. Grávidas que não tenham contraindicações para realizar EF devem fazê-los diariamente, realizados de preferência após as refeições. Deve-se monitorar a glicemia capilar antes e após os exercícios, além de manter boa hidratação. A literatura ainda é escassa sobre o tipo, volume e intensidade de EF que poderiam ser mais eficazes na prevenção/tratamento do DMG. Algumas orientações: frequência 3 a 5 x semana; combinar exercícios aeróbios e resistidos (terra e água); 30 – 50 minutos de duração; PSE leve a moderada para iniciantes; PSE moderada a forte para intermediárias e avançadas.

Restrição de Atividade Física

Várias revisões documentaram que não há evidências para prescrever repouso (bed rest) e inatividade física durante a gravidez como prevenção do parto prematuro. Pacientes submetidos ao repouso prolongado ou atividade física restrita correm risco de tromboembolismo venoso, desmineralização óssea e descondicionamento. Adicionalmente, a literatura demonstra efeitos indesejáveis da restrição da atividade física à mãe e à família, incluindo efeitos psicossociais negativos. Portanto, a restrição das atividades não deve ser prescrita rotineiramente como tratamento para reduzir partos prematuros. Além disso, não há evidências de que o repouso reduz o risco de pré-eclâmpsia, e não deve ser rotineiramente recomendado para prevenção primária da pré-eclâmpsia e suas complicações.

Referências:

Ingrid Dias
Ingrid Dias

Pesquisadora | Professora | Palestrante

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