Conexão Mente-Músculo na Musculação

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Homem levantando peso
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A conexão mente-músculo (mind-muscle connection) na musculação, muito comentada entre fisiculturistas, é tida por muitos pesquisadores e céticos como um mito.

Praticantes treinados, com longa experiência na musculação, comumente relatam que ao pensar no músculo alvo durante a realização de um exercício, “sentem o músculo trabalhar mais”.

De acordo com um grupo de pesquisadores da Dinamarca, este “sentimento” parece realmente estar relacionado a maior atividade muscular (Calatayud et al., 2016; 2017).

Calatayud et al. (2016) verificaram a atividade EMG do peitoral maior e tríceps braquial de indivíduos treinados no supino reto com ou sem foco em um músculo alvo com 20, 40, 50, 60 e 80% de 1RM em 3 situações distintas:

Convencional, com foco na ativação do peitoral e com foco na ativação do tríceps.

Quando os participantes focaram no peitoral ele foi significativamente mais ativado com cargas de 20-60%1RM e o mesmo aconteceu com o tríceps braquial durante o exercício em questão.

Mais recentemente, Calatayud et al. (2017) demonstraram resultados similares para o exercício “push-up” (flexão de braço).

Neste estudo, indivíduos bem treinados realizavam o exercício “push-up” com ou sem foco na ativação do peitoral e do tríceps.

Os resultados sugerem aumento significativo da amplitude do sinal EMG apenas para o peitoral maior de 9% quando este músculo era o foco.

Um detalhe interessante é relativo a característica da amostra, os indivíduos tinham em média 8 anos de prática na musculação e os anos de experiência foram positivamente correlacionados com a ativação seletiva do tríceps braquial.

Ou seja, quanto mais avançado o nível de treinamento, maior parece a “conexão mente-músculo” durante a musculação.

Referências:

Conexão mente-músculo e hipertrofia

Praticantes treinados comumente relatam que ao pensar no músculo alvo durante a realização de um exercício, “sentem o músculo trabalhar mais”, fenômeno denominado conexão mente-músculo (mind-muscle connection).

Esta conexão parece resultar em maior atividade muscular em treinados (Calatayud et al., EJAP, 2016; EJAP, 2017), no entanto, os efeitos crônicos desse tipo de comportamento sobre os ganhos hipertróficos ainda permanecem desconhecidos.

Schoenfeld et al. (2018) recentemente verificaram os efeitos do foco INTERNO (conexão mente-músculo) vs. EXTERNO sobre os ganhos em força e hipertrofia.

Trinta homens não treinados foram aleatoriamente divididos em grupo INTERNO, que focou na contração do músculo alvo, e grupo EXTERNO, que focou no resultado do levantamento.

Todos os participantes realizaram 4 séries de 8-12 repetições nos exercícios rosca bíceps e extensão de joelhos 3x por semana durante 8 semanas.

Após 8 semanas o grupo INTERNO apresentou aumentos significativamente maiores na espessura muscular dos flexores do cotovelo (12,4% vs. 6,9%), enquanto os aumentos na espessura dos extensores do joelho foram similares entre grupos.

Na conclusão, os autores sugerem que a conexão mente-músculo (INTERNO) se relacionou aos ganhos hipertróficos do bíceps, entretanto, com base na metodologia e nos achados gerais do estudo acho precoce afirmar isso.

Além do estudo ter sido conduzido em não treinados, o que sugere menor consciência corporal e controle motor, a velocidade da fase excêntrica para os 2 grupos era pré-definida em 2s, enquanto a velocidade da fase concêntrica não era pré-definida e as orientações eram para “esmagar o músculo” no grupo INTERNO e “levantar o peso” no EXTERNO.

Isso possivelmente fez com que a fase concêntrica fosse mais lenta no grupo INTERNO e mais rápida no grupo EXTERNO, o que pode ter influenciado as cargas utilizadas, o volume, o tempo sob tensão e consequentemente os resultados obtidos.

Referência principal: Schoenfeld et al. Differential effects of attentional focus strategies during long-term resistance training. Eur J Sport Sci, 2018 vol. 18(5) pp. 705-712.

Belmiro Freitas de Salles
Belmiro Freitas de Salles

Pesquisador | Professor | Treinador

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